domingo, 14 de agosto de 2011

Atualidades UERJ /ENEM: Crise da dívida externa dos EUA

Prezados estudantes,
Mais provas do Vestibular 2012 se aproximam. E um dos temas atuais refere-se ao endividamento dos EUA, a maior economia do sistema capitalista contemporâneo.
Em 1980, a dívida dos Estados Unidos estava em US$ 1 trilhão, correspondendo a 35% do PIB do país. O percentual, no mínimo razoável, apresenta relação com a recuperação econômica estadunidense a partir do término da Segunda Guerra Mundial (1939-45), e a consolidação do país como potência hegemônica capitalista. Em 2000, os valores subiram para US$ 5,8 trilhões (57% do PIB), relacionados com os custos com Defesa e gastos militares. No entanto, o século XXI tem sido rigoroso com a economia do Tio Sam. A partir do governo George W. Bush (2001-2008), a dívida externa subiu bastante, principalmente com a participação bélica no Afeganistão (desde 2001) e Iraque (desde 2003). O atual presidente Barack Obama assume no contexto da crise econômica deflagrada em 2008, inflando gastos sociais, além da queda da arrecadação, em virtude da crise, elevando a dívida externa do país, em 2011, para US$ 14,3 trilhões (100% do PIB).
A China se configura como a maior credora internacional de títulos do tesouro emitidos pelo FED (Federal Reserve). Estes papéis são considerados seguros pelo sistema financeiro. Por isso, mesmo com baixo rendimento, tornam-se atraentes para os investidores. Deve-se ressaltar que o Brasil se estabelece entre um dos maiores credores dos EUA.
A medida emergencial implementada pela Casa Branca, com o aval do Congresso, foi elevar o teto da dívida externa, evitando assim que a nação declarasse moratória ("calote"). Os US$ 2,4 trilhões devem ser suficientes para que o Governo Obama não precise enfrentar novamente este desgaste político antes das eleições em 2012.
As principais causas da crise da dívida externa americana relacionam-se com a redução da influência do dólar no cenário internacional, a partir do surgimento do Euro (1999) e do crescimento econômico dos países emergentes (BRICS). Outro fator que prejudica o desempenho da economia da nação está estampado no crescimento da desigualdade social. Os salários elevados de grandes executivos (C.E.O´s), além de artistas e esportistas se contrapõem com a diminuição do poder de barganha (negociação) dos sindicatos de trabalhadores pouco qualificados, pois latinoamericanos vem pressionando para baixo a remuneração nestes setores. Além disso, com o crescente processo de abertura econômica (neoliberalismo e Nova Ordem Mundial), determinadas empresas do país se transferiram e se transferem para o México (notadamente impulsionadas pela criação do NAFTA, em 1994) e para a China, devido aos baixos custos de produção (dumping social). A oscilação do preço do petróleo acentuou o endividamento dos EUA, pois consomem aproximadamente 25% do total mundial. Apesar de produzirem aproximadamente 10% do total mundial (grandes produtores, ao lado da Rússia e Arábia Saudita), os EUA importam o recurso energético em questão. A desvalorização do dólar, comentada anteriormente, agrava a importação de petróleo, pois os EUA precisam cada vez mais de dólares para adquirir a commodity. Sobre este último argumento, Obama anunciou que aumentará a produção de petróleo do país, desagradando ambientalistas que ainda ressentem a maior tragédia ambiental da história da humanidade, o vazamento no Golfo do México em 2010. Fora que o país provavelmente terá que explorar mais o Alasca, exponenciando riscos de impactos ambientais, além de agilizar o consumo de suas reservas, que percentualmente estão abaixo da produção e, portanto, do consumo da nação.
Dentre as propostas para solução da crise, o Partido Democrata (situação) apoia a elevação dos impostos para os mais ricos e um cerco às grandes empresas, pois entendem que a população de menor renda já está sofrendo bastante com a crise. Reduzir os gastos militares também consta na pauta de propostas do Partido. Por outro lado, o Partido Republicano (oposição) defende que o corte de gastos deve ser no social, descarta a maior taxação dos ricos e entende que os gastos militares são necessários.
A maioria dos especialistas entendem que os EUA estão na fase de queda (relativa) do império, desde 1980, e defendem que a transição para que a China se torne a próxima potência hegemônica capitalista está em andamento. No entanto, há especialistas que defendem a tendência dos EUA permanecerem à frente do sistema de acumulação, apontando que crises conjunturais afetam impérios, que teriam capacidade de se reinventar para permanecerem na posição de hegemonia. A força dos EUA na nova economia (inovações no setor de informática, por exemplo) sinaliza em parte esta teoria.
Um abraço. Bons estudos!